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Grandes Brasileiros: Volkswagen Passat LSE, o legado iraquiano

Criado para exportação, o "Passat Iraque" rendeu uma interessante versão LSE no Brasil

Por Fabiano Pereira
Atualizado em 26 mar 2024, 16h13 - Publicado em 23 mar 2017, 19h55
Presença forte tanto nas ruas daqui como no Oriente Médio
Presença forte tanto nas ruas daqui como no Oriente Médio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

São poucos os países em que algum personagem brasileiro supera a popularidade de Pelé e Ronaldo Fenômeno. O Iraque é uma dessas exceções.

Basta andar nas ruas para encontrar exemplares de Volkswagen Passat fabricados aqui, já na terceira idade, em plena labuta.

Entre 1983 e 1988, ano em que nosso Passat saiu de linha, 170.000 unidades da versão LSE deixaram a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) rumo ao Oriente Médio. O destino rendeu o apelido “Passat Iraque”.

Era uma época em que a VW brasileira buscava novos mercados, o que também a fez levar o Voyage aos Estados Unidos, sob o nome de Fox.

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A transação do Iraque tinha um caráter inusitado, já que os carros eram pagos em petróleo, repassado à Petrobras. Quando esta teve um excedente do produto, sobrou “Passat Iraque”. A solução? Vendê-lo no Brasil, o que ocorreu a partir de junho de 1986.

Com o Santana no topo da linha e a aposentadoria do Fusca no mesmo ano, o Passat tornou-se o VW de passeio mais antigo em produção.

Lançado em 1974, o Passat brasileiro ganhou versão de quatro portas para 1975. A LSE 1978, de Luxo Super Executivo, assumiu o papel de Passat mais luxuoso.

Reunia conforto de quatro portas, motor do esportivo TS, quatro apoios de cabeça e ar-condicionado opcional. Até a chegada do Santana, em 1984, foi nosso VW mais sofisticado.

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Fastback ou sedã, será que alguém se importava?
Fastback ou sedã, será que alguém se importava? (Christian Castanho/Quatro Rodas)

“Sem gastar quase nada, utilizando apenas componentes de produção normal, a Volkswagen conseguiu apresentar um sedã executivo que lhe permite lutar por uma faixa de mercado até então inexplorada por ela”, afirmou Claudio Carsughi na edição de novembro de 1977 de QUATRO RODAS.

Ele já criticava imperfeições no acabamento, o que tornaria a ocorrer em testes subsequentes da versão. Em 1983, o LSE ganhou o sobrenome Paddock. Para 1986, o Passat nacional adotou o motor AP600 de biela longa e 85 cv, baseado no do Santana.

Mas o “Passat Iraque” manteve o MD 270 de 72 cv para simplificar o envio de peças de reposição. O câmbio do modelo de exportação tinha só quatro marchas, uma a menos que o Passat local.

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Outras alterações eram o radiador de cobre, pneus radiais têxteis (de aço daqui), ventilador de 250 W (contra 180 W), chapa de proteção do motor de série, pára-barro, quatro ganchos de reboque (dois a mais) e carpete de 10 mm (ou 4 mm extras).

O MD 270 permaneceu para facilitar suprimento de peças
O MD 270 permaneceu para facilitar suprimento de peças (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ele vinha nas cores branca, azul ou vermelha, esta com três opções de tom. Fora o azul, que tinha estofamento cinza, as demais cores traziam bancos vinho, exigência local à qual nem os Mercedes escapavam.

No teste de outubro de 1986, o texto afirmava que a rede Volkswagen temia que o Passat LSE para exportação encalhasse no pátio. Para a surpresa geral, até filas se formaram.

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Além do acabamento esmerado, com painel completo, o ar-condicionado, essencial para a variação climática iraquiana, era um atrativo, apesar de a motorização ter sido rebaixada e o câmbio ter só quatro marchas.

Revestimento cinza, exclusivo da cor azul: o padrão era vinho
Revestimento cinza, exclusivo da cor azul: o padrão era vinho (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Conta-giros, luzes-espia, relógio digital e até econômetro
Conta-giros, luzes-espia, relógio digital e até econômetro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Há um ano, o comerciante paulista Olpheo Augusto Junior comprou o exemplar 1987 das fotos. Embora há quatro meses ele tenha vendido o carro a um amigo, o Passat continua sob seus cuidados.

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A exemplo dos Passat que aparecem na cobertura de TV sobre o Iraque, o carro rodou todos esses anos e hoje marca 200.000 quilômetros.

Além de velas, o comerciante precisou trocar amortecedores, molas e pneus. O estepe é original. No Oriente ou no Ocidente, os anos comprovam que, mais que suas comodidades e vantagens, a maior virtude do “Passat Iraque” era mesmo sua resistência.

* reportagem originalmente publicada na edição 588 de fevereiro de 2009

Ficha técnica – VW Passat LSE 1987

  • Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.588 cm³, carburador duplo, a gasolina
  • Diâmetro x curso: 79,5 x 80,0 mm
  • Taxa de compressão: 8,3:1
  • Potência: 72 cv a 5.200 rpm
  • Torque: 12,2 mkgf a 2.600 rpm
  • Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira
  • Dimensões: comprimento, 426 cm; largura, 160 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 247 cm; peso, 1.022 kg
  • Suspensão: Dianteira: McPherson, com braços triangulares inferiores, molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira: barra de torção, braços longitudinais, barra diagonal tipo Panhard, molas helicoidais e barra estabilizadora
  • Freios: disco (diant.) e tambor (tras.)
  • Direção: mecânica, pinhão e cremalheira
  • Rodas e pneus: aço, aro de 13 polegadas e tala de 5 polegadas; pneus 175/70 HR 13

Teste QUATRO RODAS – Outubro de 1986

  • Aceleração 0 a 100 km/h: 15,52 s
  • Velocidade máxima: 151,1 km/h
  • Frenagem 80 km/h a 0: 31,5 m
  • Consumo: 10,79 km/l (urbano), 13,29 km/l (estrada, carregado), 14,94 km/l (estrada, vazio)
  • Preço (setembro de 1986): Cr$ 89.800
  • Preço (atualizado / IPC-A – IBGE): R$ 80.856
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