A indústria automotiva começou 2024 esperançosos com o mercado brasileiro. Os motivos para esse otimismo vêm se mostrando e as vendas de veículos novos no Brasil já são as melhores em uma década.
Nos quatro meses de 2024 já encerrados, foram emplacados 1,4 milhão de automóveis, incluindo veículos de passeio, comerciais, ônibus, caminhões, motos e outros. É um crescimento de 20%, se comparado ao mesmo período de 2023.
Levando em conta só carros, furgões e picapes, o mês passado viu 37% a mais de vendas, comparado com abril de 2023. No primeiro quadrimestre desse ano, os emplacamentos foram 17% maiores do que no mesmo recorte do ano passado. Ao todo, foram 208.078 emplacamentos, compostos por 164.365 automóveis e 43.713 veículos comerciais leves.
Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, a Fenabrave, principal responsável pela consolidação dos números. Segundo o presidente da entidade, Andreta Jr., são os melhores resultados desde 2014. O desempenho em 2024 é 28% superior à média dos últimos nove anos, impactados por crises econômicas, pandemia de covid-19 e problemas logísticos globais. “O momento mais favorável ao crédito e os juros mais contidos continuam tracionando o setor”, destacou.
Explosão dos carros elétricos
O pequeno volume de carros elétricos no Brasil ajuda a explicá-las. Mas não deixa de surpreender que as vendas do segmento em abril de 2024 tenham sido 1.100% maiores do que em abril de 2023.
Foram 6.508 carros elétricos emplacados no último mês, contra meros 541 em abril do ano passado. Destes, 81% são da BYD, cujos Dolphin Mini Dolphin e Seal já figuram entre os mais vendidos nas suas categorias (hatches e sedãs médio, respectivamente), incluindo carros a combustão.
O “monopólio” da BYD é seguido por outra chinesa, a GWM, com 10% das vendas. As fabricantes ocidentais estão dispersas pelo ranking, com participação residual nos emplacamentos. Os primeiros meses de 2024 foram 763% melhores do que o mesmo período de 2023. É natural que o ritmo de crescimento se estabilize, mas os carros elétricos já vêm se consolidando nas grandes cidades, acredita a Fenabrave.
Híbridos com fôlego
Curiosamente, os híbridos venderam pouco a mais do que elétricos em abril: foram 8.478 emplacamentos, representando volume 30% maior. Comparando com 2023, o crescimento também é mais contido, mas longe de ser tímido.
Em relação a abril de 2023, os eletrificados venderam o dobro. Os emplacados em 2024 representam 78% a mais do que o registrado no início de 2023. O cenário, entretanto, pode mudar à medida que os híbridos ganhem maior volume de produção nacional: os elétricos também serão feitos aqui em breve, mas as generalistas tradicionais apostarão primeiro na combinação de motores elétricos e etanol.
Resto contraditório
Em outros segmentos, há tendências opostas: as motocicletas tiveram alta de 40% na comparação entre os meses de abril e crescimento de 26% na comparação entre os acumulados de 2023 e 2024. Mas a eletrificação das motos patinou: de março para abril, as vendas caíram 30%. O mês fraco representou queda de 9% frente a abril de 2023 e o acumulado deste ano ficou 18% menor. Questão de volatilidade num mercado ainda pequeno, acredita a Fenabrave.
Os caminhões tiveram aumento de 5% frente ao início de 2023 e de 45% comparando o mês passado com abril de 2023. Na comparação dos meses de abril, os ônibus venderam 30% a mais, que só amenizou o acumulado de 2024 (17% menor do que o de 2023). As máquinas agrícolas estão vendendo cerca de 39% a menos do que no ano passado.
Segundo Andreta Jr., o sucesso dos caminhões está ligado aos novos motores, que visam poluir menos mas, paralelamente, são mais atrativos em termos de custos. Os coletivos, por outro lado, são exceção na dificuldade de crédito e as compras governamentais (importantes na categoria) estão fracas. Colheitadeiras e afins sofrem com cenários externos, relativos à oferta e demanda de produtos agrícolas.