Guia de Usados: Chevrolet Corsa Hatch
Encerrando uma carreira de dez anos, a segunda geração une muitas virtudes e poucos defeitos
O Corsa hatch de segunda geração é um daqueles carros com soluções que foram além da expectativa do público: maior que seu antecessor, oferece bom espaço a quatro adultos, que desfrutam de um rodar macio e confortável, mérito em parte do subchassi dianteiro. A iluminação interna com acendimento gradual e o acionamento automático do limpador traseiro davam um toque de sofisticação a ele, que chegou em 2002 com a tarefa de guerrear contra Palio e Polo.
Explica-se: nos primeiros anos de produção, ele jogou nas duas pontas do mercado, dos hatches premium aos populares. Por isso, não havia diferenciação por versões: ou você levava o hatch com o forte e beberrão motor 1.8 ou contentava-se com o fraco 1.0 VHC, inadequado para o peso do carro. De comportamento pacato, o Corsa cativa mais pela maciez da embreagem, câmbio e direção, inspirando uma tocada tranquila e despretensiosa. O que desagrada nele é o acabamento interno, com plásticos e tecidos de baixa qualidade e arremates mal-feitos, que se degradam com rapidez. Em 2005, veio a segmentação das versões Joy, Maxx e Premium. A direção hidráulica era opcional na Maxx, mas o ar- condicionado nessa versão só era oferecido com o motor 1.8, que passou a ser flex no fim do ano. Quem procura os dois como item de série deve focar na
Premium, que tem como opcional airbag e ABS. Na linha 2008, estreou o motor 1.4 Econo.Flex, vindo do Prisma. Com isso, 1.0 VHC ficou só na Joy e Maxx, o 1.4 na Maxx e na Premium e o 1.8 restrito ao falso esportivo SS. Porém o Corsa perdia mimos, como a luz interna com acendimento gradual e o acionamento automático do limpador traseiro.
O derrocada começou no modelo 2010, com o fim do 1.0 VHC e do 1.8. O Agile passava a ser o carro-chefe e o Corsa ficou restrito à versão Maxx. E assim ficou até julho de 2012, quando saiu de linha. Barato, econômico e fácil de manter, o Corsa deve passar a ter boa procura entre os usados, dizem os lojistas. E, na hora da oficina, pesquise bem o preço das peças. As revendas vendem com pronta-entrega, mas a variação de preço entre as autorizadas é grande.
FUJA DA ROUBADA
O Corsa é conhecido pela mecânica simples e eficiente. o senão fica para a versão Autoclutch, com embreagem automática. Dotado de três módulos e sensores, o sistema servoeletrônico pode dar alguma dor de cabeça em caso de pane.
NÓS DISSEMOS Dezembro de 2007
“São 105 cv de potência máxima – um haras inteiro acima do palio 1.4, de 81 cv, mais até que o Fox 1.6. o torque diminuiu e isso fez bem ao Corsa. Ficou um carro ágil, sem o nervosismo do 1.8 ou a apatia do 1.0. Não cansa na estrada e alia esportividade e conforto. (…) os vidros elétricos são tipo um-toque e o controle remoto fecha janelas e tanque de combustível. os faróis de dupla parábola iluminam melhor e o ar- condicionado gela muito bem – embora assopre fraco ao abrirmos a recirculação. dócil, avisa quando o motorista começa a passar da conta e perdoa pequenos erros. A suspensão com subchassi absorve bem os buracos da rua. (…) É o único a trazer cinto de três pontos para todos.”
PREÇO DOS USADOS (EM MÉDIA)
Maxx 1.0
2005: 18 065
2006: 19 018
2007: 20 569
2008: 21 564
Maxx 1.4
2005: 22 734
2006: 23 644
2007: 25 101
2008: 26 120
PREÇO DAS PEÇAS Amortecedor dianteiro (cada um)
Original: 290
Paralelo: 240
Pastilhas dianteiras (jogo)
Original: 174
Paralelo: 150
Farol dianteiro (cada um)
Original: 492
Paralelo: 360
Para-choque dianteiro
Original: 352
Paralelo: 260
Kit de embreagem
Original: 405
Paralelo: 300
PENSE TAMBÉM EM UM Ford Fiesta
De projeto ligeiramente mais atual que o Corsa, o Fiesta é um carro que alia prazer de dirigir e bom espaço interno. Equilibrado, é obediente aos comandos, sem sacrificar o conforto de marcha. O ponto crítico está no acabamento, um degrau abaixo do do Corsa, mas ele agrada pelo grande número de porta-trecos no interior. O motor Zetec Rocam 1.6 é elogiado pelo elevado torque em baixo giro, enquanto o 1.0 tem desempenho apenas aceitável. Porém ambos são conhecidos pela robustez e confiabilidade. Outras vantagens são o seguro e o custo de manutenção acessíveis, com peças relativamente baratas e disponíveis a pronta entrega.
ONDE O BICHO PEGA 637_usa_03.jpgDireção
A caixa de direção pode apresentar folga, principalmente se o carro foi muito usado em pisos irregulares. Estalos ao esterçar em manobras são comuns e indicam terminais gastos. Uma revisão geral no sistema não sai por menos de 1500 reais, com peças e mão de obra.
Correia dentada
O motor 1.0 VHC não admite descuidos com o estado da correia dentada e do tensionador. Seu rompimento provocará atropelamento das válvulas, exigindo uma cara retífica. Sai mais barato prevenir. A troca fica em 200 reais.
Acabamento
É o ponto mais crítico do Corsa: plásticos rígidos que riscam e quebram com facilidade, forros de porta que se descolam, estofamento e carpetes desfiados. Uma geral em um bom tapeceiro não sai por menos de 500 reais. Por isso, pechinche ou descarte carros com o interior muito maltratado.
Aterramento
Problema crônico da linha GM, o aterramento não é bem-feito e, por isso, a corrente acaba fluindo pelo módulo de injeção ou pela bomba elétrica, queimando seus chicotes. O ideal é pedir uma revisão a um bom autoelétrico.
A VOZ DO DONO
” ́Pequeno mas espaçoso, tem tamanho e suspensões ideais para as grandes cidades. Não esqueceram os porta-trecos nem o espelho no para- sol do motorista. Mesmo com ar e direção, ele anda bem e gasta pouco. Nunca deu problemas e tem peças e mão de obra baratas. A única queixa é mesmo o acabamento, com muito plástico solto, que faz barulho.”
Renata Cavalcante, 26 anos, psicóloga, são Paulo (SP)
O QUE EU ADORO
“O desempenho e o consumo do 1.4 são muito bons. Confortável, tem boa ergonomia e não cansa nem mesmo em viagens longas. O seguro é barato e ainda é fácil de vender.”
Bruno Daniel Zechmeister, 29 anos, engenheiro, Santo André (SP)
O QUE EU ODEIO
“Acho a suspensão muito mole para uma tocada esportiva e o acabamento é ruim: os forros das portas descolam e os grilos de plástico solto são horríveis.”
Bruno Marques, 29 anos, advogado, uberlândia (MG)