Guia de Usados: Volkswagen Golf (geração 4,5)
Bom de volante, o carro da geração 4 ½ conseguiu segurar as pontas com honras por seis longos anos
O brasileiro sempre esperou um tempão para curtir o VW Golf: lançado em 1974, ele demorou 20 anos para chegar ao país.
A produção nacional começou só em 1999 e ficou oito anos sem alterações significativas, fazendo com que o hatch perdesse vendas com o tempo.
Retocado, o modelo 2008 ganhou uma sobrevida, a chamada geração 4 ½, que manteve a alta rigidez torcional, a suspensão acertada, o câmbio de engates suaves, a direção precisa e o acabamento acima da média.
O Golf envelheceu como um bom vinho, pecando só no estilo datado e no pouco espaço atrás.
Todos trazem ar-condicionado, computador de bordo, sensor de ré, retrovisor direito com rebatimento automático e rastreador via satélite, alternativa para reduzir o exorbitante valor do seguro.
Quem não abre mão de ABS e airbags deve prestar atenção, pois viraram item de série só na linha 2012.
A versão mais popular é a Sportline 1.6 flex (101/103 cv), com roda aro 16 e pneu 205/55, faróis de neblina, bancos de couro e aerofólio.
Além de ABS e airbag, os opcionais mais desejados são teto solar, retrovisor interno fotocrômico, sensor de chuva e ar-condicionado digital.
Está longe de ser um foguete – com álcool, fez 13,3 segundos no 0 a 100 km/h – , mas é suficiente para a maioria dos motoristas.
Piloto automático vinha a partir da versão Comfortline, oferecida com o confiável motor 2.0 de 116 cv. Cheio de torque, podia ter o câmbio automático de quatro marchas, logo substituído pelo sequencial Tiptronic de seis, principal responsável por seu bom desempenho.
Lendário, o GTI (1.8 turbo de 193 cv) durou só dois anos (2008-09). Manual ou Tiptronic, tinha acelerações rápidas (de 0 a 100 km/h em 8,0 segundos) e itens como rodas de aro 17 e pneus 225/45, controles de tração e estabilidade e airbags laterais.
Com seu fim, a esportividade ficou restrita ao GT 2.0 (116/120 cv), bem mais pacato e com pouca diferença de preço para o Comfortline com o mesmo motor (veja tabela de preços mais abaixo).
Na linha 2009, o motor 1.6 virou VHT, mantendo a potência, mas com sensível ganho de torque. Mas o Golf 4 ½ não foi capaz de conter o avanço do rival Hyundai i30, mesmo apelando para várias séries especiais – em 2011 o coreano já vendia duas vezes mais.
O modelo só voltaria a ter força no mercado brasileiro no final de 2013, com o lançamento da 7ª geração – praticamente três à frente do que era vendido por aqui até então.
Mas sua conhecida liquidez e baixa depreciação ainda o tornam uma opção agradável entre os cada vez mais raros fãs de hatches médios.
Fuja da roubada
Nos Tiptronic, veja se o câmbio opera normalmente. Nele há um circuito impresso sensível a líquidos (chuva através do teto solar ou bebidas derramadas), cujo reparo não sai por menos de 2.000 reais.
A voz do dono
“Estabilidade impecável e dirigibilidade digna de automóveis que custam três vezes mais. A qualidade de construção é perceptível tanto no acabamento quanto no isolamento de vibrações do motor e da suspensão. Mesmo após anos de uso, o interior continua silencioso, sem grilos. Só falta fôlego: o motor 1.6 é apenas suficiente e não empolga.” – Leandro Miki, 31 anos, investigador de polícia, Bertioga (SP).
O que eu adoro:
“Um belo acabamento: couro, alumínio e plásticos de ótima qualidade. A posição do motorista e a leveza de comandos permitem dirigir por horas a fio sem cansar.” – Gustavo Pulita, 33 anos, gerente financeiro, Curitiba (PR).
O que eu odeio:
“A estabilidade cobra seu preço, pois a frente baixa raspa com facilidade. Falta espaço no banco traseiro, o seguro é astronômico e o estilo cansou há muito tempo.” – Julian Peglow, 22 anos, consultor de vendas, Pelotas (RS).
Onde o bicho pega
Turbo – Nos GTI, verifique se há presença de fumaça branca na marcha lenta ou nos intervalos entre as trocas de marcha. O problema pode indicar desgaste excessivo dos mancais, por falhas de lubrificação. O kit de reparo custa em torno de 400 reais, mas em alguns casos é preciso substituir a turbina, o que não sai por menos de 4.000 reais.
Suspensão dianteira – Boa parte do prazer de dirigir um Golf se perde quando pivôs, batentes e buchas de bandeja estão danificados ou com folgas, situação identificável pelos ruídos apresentados em condução normal. Uma revisão da suspensão mais o alinhamento custam em torno de 1.000 reais.
Climatizador – Fique atento ao nível da água do radiador: em alguns casos o vazamento ocorre dentro do carro, através do radiador que fornece ar quente para o climatizador do ar-condicionado. O conserto exige a remoção do painel e custa no mínimo 2.000 reais.
Teto solar elétrico – Verifique a vedação das borrachas: forro de teto em mau estado e cheiro de mofo são indícios de umidade no seu interior. Ele devem funcionar sem ruídos ou estalos, pois um motor elétrico novo custa em torno de 500 reais, sem a mão de obra.
Nós dissemos – Outubro de 2007
“No interior, os tradicionais bom acabamento, qualidade de construção e espaço interno menos generoso. Com 2,51 metros de entre-eixos – 10 cm a menos que um Focus -, os joelhos de quem vai atrás não têm muita folga. Mas para quem vai na frente, atrás do volante, sobra prazer. Ao lado do Focus, o Golf divide o título de campeão em dirigibilidade. E não me refiro apenas ao segmento dos hatches médios. Mas isso está longe de ser uma novidade, assim como o alto valor do seu seguro, cerca de 30% maior que o dos rivais.”
Preço médio dos usados (FIPE)
2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | |
Golf Sportline 1.6 MT | R$ 29.285 | R$ 31.185 | R$ 34.154 | R$ 36.415 | R$ 40.541 | R$ 43.185 |
Golf Comfortline 2.0 AT | R$ 30.154 | R$ 31.558 | – | – | – | – |
Golf GT 2.0 AT | – | R$ 31.287 | R$ 35.454 | R$ 38.443 | R$ 41.491 | R$ 46.995 |
Golf GTI 1.8 Turbo MT | R$ 36.970 | R$ 41.403 | – | – | – | – |
Golf GTI 1.8 Turbo AT | R$ 38.394 | R$ 47.489 | – | – | – | – |