A União Europeia definiu, na semana passada, suas novas tarifas para importação de carros chineses. As alíquotas, embora variem de acordo com a montadora, com certeza atrapalharão os planos das fabricantes que pretendem produzir carros na China e vendê-los na Europa.
A Stellantis, para evitar problemas, se adiantou e já está montando um carro com projeto chinês, o Leapmotor T03, na fábrica de Tychy, na Polônia. Quem adiantou a informação foi o CEO Carlos Tavares. A empresa ainda não havia dito que havia optado por fabricar o carro na Europa em vez de importá-lo pronto da China. O próprio executivo havia declarado que importar o carro de sua terra natal seria mais barato.
Acontece que, no final de 2023, o grupo europeu investiu cerca de R$ 8,3 bilhões para comprar 21% da montadora chinesa Leapmotor. Desse negócio, surgiu a joint venture Leapmotor Internacional, cujo os europeus têm uma participação majoritária de 51%. Em resumo, a Stellantis possui os direitos exclusivos para montar, exportar e vender produtos Leapmotor fora da China.
A fábrica polonesa era uma das cotadas, caso o grupo decidisse por produzir o T03 na Europa. Afinal, o custo de produção do compacto em Tychy não é tal alto, sendo de 400 a 500 euros por carro. Praticamente o mesmo preço de produzir na China e importar para Europa, e mais barato utilizar uma fábrica italiana.
O que ainda não sabemos é em qual regime a Stellantis está trabalhando, mas provavelmente é um CDK, onde as peças e componentes chegam via importação e são apenas montados na fábrica polaca. Porém, segundo analistas do banco de investimento Jefferies ouvidos pela Reuters, a Leapmotor já estaria preparando uma produção local de componentes para alimentar a planta de Tychy.
Vale lembrar que, após introduzir a Leapmotor na Europa, a Stellantis pretende torná-la uma empresa global, vindo até para o Brasil. Além do T03, o SUV C10 também será vendido no ocidente. A produção em massa do compacto está marcada para começar em setembro.
O que é o Leapmotor T03?
O compacto já ganhou o apelido de ‘Mobi elétrico’, justamente pelas suas dimensões e sua proposta urbana. Na Europa, terá como principal o Dacia Spring e, no Brasil, vai concorrer com a sua contraparte francesa, o Renault Kwid, e o Dolphin Mini, atual líder de vendas entre os elétricos.
Ele tem um motor elétrico de 109 cv e 16 kgfm, montado na parte dianteira, que pode levá-lo de 0 a 100 km/h em 12 segundos e sua velocidade máxima é de 120 km/h. A bateria é de íons lítio e tem capacidade de 41,3 kWh. A autonomia no ciclo europeu é de 280 km.