O Corpo de Bombeiros de São Paulo anunciou a intenção de impor novas regras para o carregamento de carros elétricos no estado, gerando preocupação pelas modificações que precisariam ser feitas. A ideia envolvia medidas sem precedentes no mundo, e a repercussão negativa surtiu algum efeito.
Isso porque a corporação anunciou prazos maiores para as etapas preliminares do projeto, dada a repercussão da matéria. A fase de consulta pública acabaria na segunda-feira (6), mas acabou estendida até o dia 5 de agosto após pressão da Associação Brasileira do Veículo Elétrico. São 90 dias essenciais para que os planos da corporação sejam melhor entendidos e, se for o caso, alterados.
Desde o início, a ABVE demonstrou preocupação com a ideia dos Bombeiros. A entidade estatal quer, por exemplo, exigir distância mínima de 5 m entre um carro sendo carregado e outro. Distância menor seria possível caso o ponto de recarga disponha de paredes corta-fogo.
Para estacionamentos com mais de 50% de área coberta ou subsolos, a parede corta-fogo deveria se estender até o teto e cada vaga deveria ter sistema de detecção de incêndio com dois chuveiros automáticos (sprinklers) com vazão de água definida por este regramento.
O parecer técnico também prevê a proibição do carregador em vagas duplas, onde um carro prende o outro. E prevê que cada carregador tenha um ponto de desligamento (disjuntor) a uma distância entre 30 e 40 metros, dois extintores do tipo ABC e vigilância permanente.
Jabuticaba
O plano gerou desconforto não só pelo prazo curto de consulta, mas por também impor medidas que tornariam inviáveis muitos eletropostos, dado o investimento necessário. Piorando as coisas, não está prevista distinção entre pontos comerciais e residenciais, inviabilizando a instalação de carregadores AC em muitas casas e prédios.
Os Bombeiros justificam a cautela pela “carga de incêndio elevada” que as baterias automotivas representam, além de “estudos globais” que indicam a importância de ação precoce para que um carro elétrico em chamas seja efetivamente combatido.
A ABVE não discorda dessa importância, pelo contrário. Em nota assinada com outras nove entidades (que incluem representantes de montadoras, construtoras, shopping centers e outros), a associação destacou que, no Brasil, são aplicados padrão equivalentes aos de países mais ricos. Além disso, não há correlação provada entre incêndios de carros elétricos e a etapa de recarga; o fogo ocorreria por questões distintas.
Confiante no seu ponto, a ABVE disse estar trabalhando junto ao Inmetro e à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os 90 dias servirão, diz a nota, até mesmo para a realização de incêndios simulados, que comprovem a suficiência das normas atuais. Também há cobrança para que o Corpo de Bombeiros apresente mais relatórios e análises técnicas que embasam o motivo de tamanha cautela.
A proposta dos Bombeiros pode ser conferida na íntegra aqui. A consulta pública é aberta a todos que tenham interesse nela, e sugestões podem ser enviadas para dspciconsultapublica@policiamilitar.sp.gov.br.