Assine QUATRO RODAS por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Grandes Brasileiros: Willys Pick-Up Jeep / Ford F-75

Nascida nos EUA, a picape desbravou os piores caminhos no Brasil com valentia e competência por mais de duas décadas

Por Felipe Bitu
Atualizado em 23 nov 2016, 18h01 - Publicado em 24 out 2014, 20h10
Willys Pick-up Jeep / Ford F-75
Versão picape da Rural, ela tem 34 cm a mais de entre-eixos (Arquivo/Quatro Rodas)

Herói da Segunda Guerra, o Jeep tornou-se um desbravador de caminhos em tempos de paz, levando o progresso a regiões inóspitas. O sucesso da versão civil desenvolvida pela Willys deu origem a duas variantes, muito apreciadas por trabalhadores, fazendeiros e famílias com espírito aventureiro: a perua fechada Jeep Station Wagon e a caminhonete Jeep Truck.

Em 1946, chegaram ao país os primeiros Jeep, cujo sucesso resultou na fundação da Willys-Overland do Brasil, em 1952. Logo, a Station Wagon saía da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), depois rebatizada de Rural Willys.

A Rural ganhou personalidade em 1960: uma reestilização encomendada nos EUA pela filial brasileira lhe conferiu uma identidade própria, bem diferente das versões de outros países. O resultado final era tão bom que foi incorporado pela Pick-up Jeep: apresentada no Salão do Automóvel de 1960, nada mais era que a versão brasileira da Jeep Truck, ainda produzida em seu país de origem.

Seu índice de nacionalização chegava a 98%, graças à fundição do bloco do motor BF-161 em Taubaté. O B era de brasileiro e o F era devido ao esquema de válvulas de admissão no cabeçote e de escapamento no bloco. O numeral 161 descrevia a cilindrada em polegadas cúbicas: 2.638 cm3, que rendiam parcos 90 cv. Com seis cilindros em linha, foi o primeiro motor inteiramente fabricado no país.

Willys Pick-up Jeep / Ford F-75
Caçamba leva até 750 kg de carga ()

Comparada à Rural, o entre-eixos era 34 cm maior e o eixo traseiro, 10 cm mais largo. Apoiavam uma generosa caçamba capaz de carregar 750 kg. Era a picape mais barata e versátil: a 4×2 competia com Ford F-100 e Chevrolet 3100, enquanto a 4×4 reinou até a chegada da picape Toyota Bandeirante. E foi a pioneira na oferta da primeira marcha sincronizada.

O sistema elétrico logo evoluiu de 6 para 12 volts e, pouco tempo depois, o dínamo deu lugar ao alternador. A versão 4×2 recebeu uma suspensão dianteira independente com molas helicoidais em 1965, baseada na do sedã Aero Willys. Outro avanço notável foi a nova transmissão manual de quatro marchas, com alavanca na coluna de direção – a tração 4×4 e a reduzida eram acionadas por uma outra alavanca embaixo do painel.

Rústica, sua direção tinha folga, era pesada e exigia muitas voltas de batente a batente. A instrumentação se resumia ao essencial: velocímetro, marcador de combustível e temperatura do motor. Não havia ventilação forçada: uma tomada de ar basculante captava ar fresco entre o capô e o para-brisa.

Continua após a publicidade
Willys Pick-up Jeep / Ford F-75
Painel minimalista e câmbio manual de três marchas na coluna ()

Mas nem mesmo essa falta de conforto foi capaz de minar seu sucesso. A liderança do segmento veio em 1966, com mais de 50% das vendas. Para reduzir o consumo, a calibração do carburador era revista e havia a opção da roda-livre para eliminar o arrasto desnecessário da tração dianteira.

Em 1968, surgiu o motor Willys 3000, com 3 litros de cilindrada e 132 cv. Nesse período, o controle acionário da Willys foi assumido pela Ford, que rebatizou o utilitário de acordo com a sua linhagem. O Pick-up Jeep se chamava agora F-75.

A Ford usou a planta de Taubaté para produzir novos motores para o mercado local e de exportação. Em 1975, o velho motor de seis cilindros em linha foi finalmente substituído por um menor e mais moderno, com quatro cilindros e comando de válvulas no cabeçote com fluxo cruzado. Com 2,3 litros de cilindrada, rendia 91 cv e chegou até a ter uma versão movida a álcool em 1980.

Decana, a valente picape deixou de ser produzida em 1983, para desgosto de seus entusiastas, como o empresário Pedro de Souza Neto, proprietário deste modelo 1965 que integra o acervo da PJS Restaurações Especiais. Para seus fãs, nenhuma outra picape apresentou tanto carisma e competência para as agruras do fora de estrada.

Ficha T´cnica – Willys Pick-up Jeep 1965
Motor longitudinal, 6 cilindros em linha,
Cilindrada 2 638 cm3, 2 válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no bloco, alimentação por carburador de corpo simples
Potência 90 cv a 4 400 rpm
Torque 18,6 mkgf a 2 000 rpm
Câmbio manual de 3 marchas, tração nas 4 rodas
Dimensões comprimento, 486 cm; largura, 188 cm; altura, 184 cm; entre-eixos, 299 cm
Peso 1530 kg
Pneus 7.10 x 15, diagonais
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.