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GM promete investir R$ 10 bilhões no Brasil “se negociações derem certo”

Fabricante já reduziu margens de concessionários, mas recuou em negociação com sindicatos e ainda aguarda "agrados" do governo em plano de reestruturação

Por Leonardo Felix, Paulo Campo Grande, a37171
Atualizado em 4 fev 2019, 09h17 - Publicado em 4 fev 2019, 09h00
GM faz cara feia em negociação com sindicatos, governo, fornecedores e concessionários (Divulgação/Chevrolet)

A General Motors emitiu no sábado (2) um comunicado em que afirma ter a intenção de investir R$ 10 bilhões no Brasil entre 2020 e 24. Entretanto, o plano só sairá do papel “caso as negociações de viabilidade no país tenham sucesso”.

O montante se somaria aos R$ 13 bilhões que, segundo a empresa, já teriam sido aplicados entre 2014 e 2019, totalizando R$ 23 bilhões num período de dez anos.

Nas últimas semanas o fabricante, detentor da marca mais vendida no mercado automotivo nacional atualmente, a Chevrolet, pegou a todos de surpresa ao emitir um comunicado interno com declarações da presidente global do grupo, Mary Barra, ameaçando deixar o mercado latino-americano caso a operação não voltasse a dar lucro.

mercado
Marry Barra, presidente global da GM (Divulgação/Chevrolet)

Desde então os executivos da companhia têm se mantido calados a respeito, embora estejam se mexendo fortemente em quatro frentes a fim de otimizar custos: funcionários, concessionários, fornecedores e governo.

Este, portanto, foi o primeiro posicionamento oficial da GM a respeito do tema. Nele, a manufatureira condiciona o novo pacote de investimentos ao êxito das negociações. Confira na íntegra:

Com relação a notícias veiculadas nas mídias, a GM faz o importante esclarecimento a seguir:

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  1. A GM está concluindo o plano de investimento de R$ 13 bilhões no período de 2014 a 2019.
  2. A GM está negociando condições de viabilidade para o novo e adicional investimento de R$ 10 bilhões no período de 2020 a 2024.
  3. Caso as negociações tenham sucesso, a GM investiria R$ 23 bilhões entre 2014 e 2024 (R$ 13 bilhões de 2014 a 2019 e R$ 10 bilhões de 2020 a 2024).

O plano de investimento que está sendo concluído, no total de R$ 13 bilhões de 2014 a 2019, contempla:

  1. Renovação completa da linha de produtos Chevrolet
  2. Desenvolvimento de novas tecnologias de eficiência energética dentro do Programa INOVAR Auto. Ressaltando que a GM alcançou neste processo os melhores resultados do programa, com uma média de economia de combustível de 22% na linha, muito superior à média do mercado, que foi de 15,9%.
  3. Novas tecnologias de conectividade incluindo a nova geração do sistema multimídia MyLink e o sistema de telemática OnStar.
  4. Expansões nas fábricas de São Caetano do Sul e de Gravataí.
  5. Ampliação da fábrica de Joinville, que teve a capacidade elevada de 120 mil para 450 mil motores por ano.
  6. Implementação de inovadoras tecnologias de manufatura 4.0 nas fábricas de São Caetano do Sul, Gravataí e Joinville.

Estes investimentos levaram a marca Chevrolet à liderança do mercado, posição que mantém desde outubro de 2015.

“Como líderes de mercado, estamos assumindo a responsabilidade de encarar de frente os desafios de competividade que vive a indústria para viabilizar um futuro sustentável aos nossos negócios e o devido retorno aos acionistas. Continuamos trabalhando com os sindicatos, concessionários, fornecedores e governo com o objetivo de viabilizar este novo e adicional investimento de R$ 10 bilhões nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos”, ressalta Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul.

Fábrica da GM em Gravataí produz os modelos Onix e Prisma (Divulgação/Chevrolet)

Ganha-perde

Mas, afinal, em que pé estão essas negociações? QUATRO RODAS conversou com fontes ligadas à companhia, que afirmam que, na visão dos executivos, estão “avançando positivamente”.

Com os concessionários a solução foi a mais simples de todas: reduzir em um ponto percentual, de 5% para 4%, em média, a margem de comissão das revendas a cada veículo comercializado.

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Em relação aos governos o caminho está mais tortuoso. É verdade que o secretário da Fazenda do estado de São Paulo, Henrique Meirelles, já sinalizou que deve conceder incentivos de ICMS para viabilizar as operações da GM em São Caetano do Sul e São José dos Campos.

Entretanto, o governo federal se mostra mais irredutível, especialmente porque os fabricantes automotivos instalados no Brasil já obtiveram um cronograma de subsídios fiscais garantidos até 2022 com o programa Rota 2030.

Ainda assim, segundo nossos informantes, membros do Ministério da Economia teriam prometido a executivos da GM uma ampla revisão da tributação aplicada a automóveis e outros bens de consumo nos próximos anos, aliviando a carga de impostos sobre automóveis.

Em relação aos trabalhadores houve recuos. Inicialmente a empresa emitiu cartas com 28 propostas de redução de benefícios aos funcionários de São Caetano e São José, sendo 21 aos de Gravataí (RS).

Após protestos e paralisação dos trabalhos promovidos pelos metalúrgicos da fábrica gaúcha, a GM recuou totalmente e emitiu um comunicado interno apontando que manterá os parâmetros do atual acordo coletivo estabelecido até março de 2020.

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No entanto, fontes ligadas ao sindicato local sinalizaram a QUATRO RODAS que já esperam, no ano que vem, uma nova ofensiva da empresa para estabelecer um novo acordo com benefícios mais enxutos.

Já as negociações com os sindicatos paulistas estão mais duras. Lá, a GM também recuou em alguns pontos, como a possibilidade de aumento da jornada semanal (de 40 a 44 horas) e da adoção de jornada intermitente.

Por outro lado, continua irredutível em questões como aplicação de novo piso salarial, congelamento de salários, terceirização de todas a atividades e até o fim da estabilidade de emprego para trabalhadores em licença médica por lesão obtida durante o exercício da função.

Fábrica da GM em São Caetano do Sul (SP) (Divulgação/Chevrolet)

Tanto membros da cúpula da General Motors quanto dos sindicatos concordam em um ponto: as propostas apresentadas aos trabalhadores foram demasiadamente agressivas, já mirando uma margem de negociação para se chegar a um meio-termo satisfatório à empresa.

Resta saber como será a conversa com fornecedores. QUATRO RODAS entende que o principal foco será na redução de custos para componentes dos produtos da plataforma GEM, como as novas gerações de Chevrolet Onix e Prisma, além do SUV Tracker.

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Para onde vão os R$ 10 bilhões

Esta é uma pergunta difícil de ser respondida com precisão, mas nossa reportagem faz suas apostas: novos SUVs, uma picape compacta-média do porte de Fiat Toro e Volkswagen Tarok, e novas gerações de Montana e S10, incluindo uma renovação da linha de montagem de São José dos Campos.

Vale observar que os R$ 13 bilhões já anunciados há alguns anos serviram para desenvolver as novas gerações de Onix, Prisma e Tracker, além de renovar as linhas de montagem de São Caetano e Gravataí e expandir a fábrica de motores de Joinville (SC), a fim de produzir a linha uma nova família de propulsores chamada CSS Prime, com derivações 1.0 e 1.2 aspirados ou turbo.

Intocável

Onix Prisma e Activ
Onix e Prisma formam a família mais vendida do Brasil (Divulgação/Chevrolet)

Apesar da aparente crise, a Chevrolet continua imbatível como líder de vendas no país. QUATRO RODAS teve acesso antecipado aos índices de venda de janeiro e descobriu que a marca foi responsável por aproximadamente 36,2 mil emplacamentos no mês, contra 30 mil da Volkswagen, segunda colocada no ranking.

Em relação aos modelos, o Onix consolidou o ritmo de vendas apontado por nossa reportagem na semana passada, alcançando 18,8 mil unidades comercializadas, mais do que os 8 mil de Ford Ka e 7,2 mil de Hyundai HB20 somados. Por sua vez, o Prisma terminou o mês como quarto automóvel mais vendido no país, com 6,9 mil exemplares.

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