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Me equivoquei

Por Jeremy Clarkson
24 jan 2012, 15h13

Achei que o Evoque era um chassi de Ford Mondeo usando pernas de pau, com motor de quatro cilindros e interior by Victoria Beckham

Não importa a pergunta que você fizer, a resposta é sempre um Range Rover Vogue SE a diesel. Qual é o melhor carro para levar as crianças para a escola? Qual é o melhor carro para voltar tranquilamente para casa após o trabalho? Qual é o melhor carro para cruzar a África? Qual é o que fica mais bonito num bairro chique da capital? Range Rover. Range Rover. Range Rover. Esta semana eu dirigi o novo e insano Mercedes C 63 AMG Black Series. É um carro projetado e construído para acabar com seus próprios pneus. Um jogo durou meros 25 minutos. Eu adorei,
é uma festa. Mas, e para usar no mundo real? Não. Eu preferia ter um Range Rover. E não sou o único. Há poucos dias estive em uma recepção promovida por uma estrela da sociedade londrina. Quatorze casais estavam presentes, e todos, sem exceção, chegaram em um Range Rover.

Temos um pequeno segredo no programa Top Gear. Eu e Richard Hammond. Nós sabemos que, não importa qual carro analisemos, ele não será tão bom quanto um Range Rover a diesel. Não ousamos espalhar isso por aí, no entanto, porque isso tiraria a razão de ser do programa. Hammond tem cerca de 700 carros, milhares de motos e um helicóptero. E você poderia imaginar que ele passa horas decidindo o que vai dirigir. Mas isso não ocorre. Ele sempre usa seu Range Rover. Eu sempre uso o meu. Porque, não importa o que você fizer, ele é a resposta.

Dito isso, a Land Rover está tentando estragá-lo com um programa para incluir nele coisas totalmente desnecessárias. Parece que ela está pensando que um Range Rover não precisa fazer bonito em qualquer lugar, só mansões de luxo. E também há a bateria dos modelos novos, que descarrega sem uma razão lógica. Também já houve outros erros, como o Range Rover Sport. O que ele não é. Por baixo da carroceria, é um Land Rover Discovery, o que quer dizer que é tremendamente pesado. Então, não é um Range Rover. E tampouco é esportivo. É um carro bobo.

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Mas nem a metade do quanto o Evoque pareceu quando ouvi falar nele pela primeira vez. Ele seria um chassi de Ford Mondeo usando pernas de pau, com um motor quatro-cilindros e um interior desenhado por Victoria Beckham. Parecia que a Land Rover tinha perdido o bom-senso. Esse salão de bronzeamento com limpadores de para-brisa acabaria com a marca. Sem dúvida, seu visual era impressionante. Especialmente as três portas. Mas eu sabia que por baixo de seus peitos siliconados e sua barriga tanquinho estaria um carro que acharia que faisões têm pelos e a capital do Brasil é Buenos Aires.

Mas eu estava errado, porque o Evoque é brilhante. É um desses carros no qual eu tive de passar horas tentando achar alguma coisa – qualquer coisa – para reclamar. E tudo o que achei foi um botãozinho que exige mais esforço do que seria necessário para operá-lo. Algumas pessoas
dizem que os plásticos que você não pode ver são um pouco frágeis. Mas quem se importa com isso? Os plásticos que você consegue ver parecem ótimos, e na maior parte são cobertos por couro belamente costurado. O interior é fabuloso.

Ah, também tem algumas pessoas dizendo que ele é caro demais. Mas, se isso fosse verdade, a Land Rover não teria recebido 30 000 pedidos até agora. Grave minhas palavras: logo você não precisará procurar para ver um Evoque. Ele ultrapassará o hidrogênio como o elemento mais abundante no universo.

O carro que eu testei tinha um motor diesel de 2,2 litros que funcionava de forma suave, fazia 18,8 km/l e empurrava o suficiente para ir de 0 a 100 mais rápido que um Golf GTI. A dirigibilidade era boa. E a suspensão também. Mas só no modo Normal. Se passar para a posição Sport, o carro todo vira um pula-pula. Esse, no entanto, é o modo que você deve selecionar, porque quando você aperta o botão os mostradores passam de um azul prateado para um escarlate vivo. Você também pode mudar a iluminação da cabine de um azul frio de bar de vodca para um vermelho burlesco. E essa é só a ponta do iceberg tecnológico, o que significa que a fiação elétrica desse carro é maior que a de um Airbus A380. Veja o televisor, por exemplo. Ele fica no meio do painel e é capaz de mostrar duas coisas ao mesmo tempo. Isso quer dizer que minha mulher pôde assistir a um jogo enquanto eu consultava o GPS. Como é possível? Ou eu poderia escolher a imagem ao vivo de uma das cinco câmeras montadas na parte de fora do carro. Ou o computador de bordo. A central de comando do Evoque é a melhor do mundo. Você gasta tanto tempo brincando com ela que a viagem passa voando. E, como você raramente vai atentar para onde está indo, corre o risco de uma batida.

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É claro que a Land Rover não estava contente em colocar o carro à venda e receber os aplausos e os lucros. Por isso, uma “cabeça coroada” disse no lançamento que a capacidade de fora de estrada não era realmente tão importante. É uma coisa idiota para se dizer quando você está querendo vender um Land Rover. E duas vezes idiota, porque obviamente isso não é verdade. É por isso que o Evoque tem uma distância em relação ao solo maior até que a do Freelander, com o qual compartilha muitos componentes. E é por isso que os ângulos de ataque são tão bons, permitindo-lhe subir e sair de rampas íngremes sem bater a parte de baixo da dianteira ou da traseira. E o Evoque é equipado com os mesmos recursos eletrônicos off-road que você encontra no grande Range Rover.

O que nós temos aqui, então, é um verdadeiro Range Rover que também é um Audi TT, um hatch quente, um fora de estada e uma loja de eletrônicos embalados em um pacote pequeno e fácil de estacionar. Se fosse um vendedor de BMW X3, Ford Kuga ou qualquer carro semi-off-road de suspensão elevada, eu iria para o banheiro chorar. Porque qualquer um que quiser um carro dessa categoria e não escolher o Evoque é tão louco que deveria ter sua carteira de motorista cassada.

Na verdade, é como um iPad: se tiver um smartphone e um notebook – e você tem ambos –, você não precisa de um. Mas aposto que isso não o impediu de ir correndo comprar um, não é? Eu tenho o mesmo problema com o Evoque. Eu tenho um Volvo de sete lugares, um grande Range Rover e um rápido Mercedes. Eu não tenho absolutamente qualquer necessidade na minha vida para um Evoque, mas eu quero ter um. E você também vai querer.

Talvez eu precise criar um novo número de estrelas para ele. Porque a versão a diesel simples é facilmente um carro cinco estrelas. E ele pode ser até mais do que isso.

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