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As cadeirinhas de bebês mais seguras, segundo testes

Nenhuma cadeirinha automotiva recebeu nota máxima nos testes da Proteste em parceria com a Global NCAP; no entanto, há produtos com bons resultados

Por Julia Wiltgen, de Exame.com
Atualizado em 22 abr 2021, 16h53 - Publicado em 26 nov 2013, 19h21
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A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) divulgou os resultados dos crash tests que avaliaram a qualidade de 11 modelos de cadeirinhas infantis para carro vendidas no Brasil. O anúncio foi feito nesta terça-feira, em coletiva para jornalistas em São Paulo. Nenhum modelo recebeu nota máxima, mas alguns deles tiveram boas avaliações, apesar de não usarem o sistema de engate considerado mais seguro, o Isofix.

Os testes foram feitos em parceria com a Global NCAP, entidade de promoção da segurança em veículos que testa carros ao redor do mundo, de acordo com parâmetros internacionais. Embora todas as marcas testadas atendam aos parâmetros brasileiros de segurança, respeitando as normas do Inmetro, a metodologia da Global NCAP é mais rígida, com a inclusão do crash test lateral.

As cadeirinhas para as crianças menores, o chamado “bebê conforto”, receberam bons resultados nos testes de colisão frontal, mas os resultados do teste de batida lateral foram apenas razoáveis ou mesmo fracos. A maioria dos modelos teve facilidade de uso considerada boa. O “bebê conforto” é destinado a crianças de até 13 kg e fica voltado para a traseira do veículo durante a condução.

Veja os resultados na tabela a seguir (as avaliações são muito bom, bom, aceitável, fraco e ruim, sendo muito bom a melhor e ruim a pior):

tabela-1-cadeirinhas.jpeg
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Fonte: Proteste (*) Preço em setembro de 2013

Já entre as cadeirinhas para crianças maiores, entre nove e 36 kg, tiveram resultados piores nos testes. Nenhum modelo recebeu nota máxima em quesito algum, e apenas um deles ganhou quatro estrelas. O pior resultado foi de uma estrela para uma cadeirinha que obteve conceito ruim para impacto lateral e segurança total. Veja na tabela (as avaliações são muito bom, bom, aceitável, fraco e ruim, sendo muito bom a melhor e ruim a pior):

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Fonte: Proteste (*) Preço em setembro de 2013Testes de impacto lateral deixaram a desejar

De acordo com a Proteste, os “bebês conforto” Burigotto Touring, Galzerano Piccolina e Peg Perego Primo Viaggio Trifix tiveram resultados fracos no crash test lateral porque permitiram o contato da cabeça da criança com a lateral da porta. Nos outros modelos de “bebê conforto” o contato foi menor, o que fez com que a proteção fosse considerada aceitável.

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Entre as cadeirinhas, a Infanti Star foi a mais segura, pois protegeu bem a cabeça do boneco de testes inclusive no teste lateral. Já a má nota da Cosco Commuter XP se deve ao fato de a cadeirinha não ter qualquer proteção lateral para a cabeça da criança, que sofre um impacto muito forte na batida lateral.

Os testes de impacto laterais ainda não são exigidos no Brasil, o que faz também com que a proteção lateral não seja necessária nas cadeirinhas vendidas aqui. De acordo com Paulo Coscarelli, diretor substituto de avaliação da conformidade do Inmetro, testes de impacto lateral também não são obrigatórios em países da Europa ou nos Estados Unidos.

Mas segundo o apresentador dos resultados dos testes, o expert automotivo do clube de automobilismo alemão ADAC Ronald Vroman, os países europeus, bem como os EUA, já trabalham em metodologias para testes de impacto lateral. O Brasil, disse Coscarelli, deve acompanhar esse movimento, quando essa exigência passar a ser feita nos demais países.

Algumas cadeirinhas eram pequenas demais

Ainda segundo a Proteste, algumas cadeirinhas se mostraram pequenas demais para algumas das crianças às quais são destinadas. É o caso dos “bebês conforto” Burigotto Touring e Galzerano Piccolina, além da cadeirinha Cosco Commuter XP, que permitiram que a cabeça do boneco de testes ficasse acima do topo da cadeirinha, o que pode levar a ferimentos em caso de acidente.

Outro lado

Segundo Dino Lameira, técnico da Proteste, todas as fabricantes de cadeirinhas e “bebês conforto” receberam os resultados dos testes, mas nenhuma delas se manifestou.

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A EXAME.com, as empresas ressaltaram que seguem as normas de segurança brasileiras:

A Burigotto/Peg Pérego, que obteve maus resultados para dois de seus modelos (Burigotto Tourin e Peg Pérego Primo Viaggio Tri-Fix) ressaltaram, em nota, que “todas as cadeiras para automóveis que produzem e/ou comercializam são certificadas de acordo com todos os requisitos de segurança da norma ABNT NBR 14400 – Dispositivos de Retenção – Requisitos de Segurança o que garante a plena segurança das cadeiras para auto”. A empresa diz aguardar pelo Relatório de Ensaio completo da Proteste para avaliação.

Já a Cosco enviou nota dizendo que “os critérios utilizados pela Proteste não correspondem aos padrões estabelecidos pela norma ABNT NBR 14400 vigente no Brasil, principalmente a respeito do impacto lateral, que ainda não é um quesito definido nem mesmo em países cuja norma de cadeirinhas está à frente da nossa. O modelo Commuter XP da marca Cosco foi testado e aprovado com bom desempenho nos testes relacionados à norma brasileira, estando de acordo com todos os quesitos incluindo suas dimensões, e por isso afirmamos que ele oferece a segurança necessária para seus usuários.”

EXAME.com entrou em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e com o gerente comercial da Galzerano, mas ainda não obteve resposta.

Como foram feitos os testes

Os crash tests feitos pela Global NCAP foram realizados na Alemanha no início do segundo semestre deste ano. O teste de impacto lateral simulou uma batida a 28 km/h, e o de impacto frontal simulou uma batida a 64 km/h, de acordo com os parâmetros internacionais da Global NCAP. No banco de trás havia dois bonecos de teste simulando crianças, cada um acomodado em uma das cadeirinhas avaliadas.

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Os testes avaliaram itens como deslocamento e aceleração da cabeça, as cargas no pescoço e a aceleração do tórax, além da clareza das instruções contidas no manual e na própria cadeirinha e a facilidade da instalação no veículo de maneira segura.

Resultados seriam melhores se cadeirinhas tivessem Isofix

Nenhuma das cadeirinhas testadas tinha sistema de engate Isofix, que permite a fixação do dispositivo diretamente na carroceria do carro. Esse sistema é considerado mais seguro do que o tradicional sistema de fixação com cinto de segurança, além de ser mais fácil de utilizar, minimizando os erros de fixação, que podem inutilizar a proteção das cadeirinhas.

Embora fortemente recomendado por entidades de promoção da segurança automotiva e de defesa do consumidor, como a Gobal NCAP e a Proteste, ainda não há cadeirinhas com sistema Isofix disponíveis no Brasil, e os modelos de carro vendidos aqui que dispõem desse sistema ainda são bem poucos.

A modalidade ainda não foi certificada pelo Inmetro. Sua comercialização, porém, não é proibida, desde que as cadeirinhas também disponham do sistema de fixação por cinto. O Inmetro fez uma consulta pública, recentemente, para incluir o sistema Isofix na certificação das cadeirinhas. De acordo com Paulo Coscarelli, do Inmetro, essa certificação deve ocorrer no ano que vem.

A Global NCAP testou outros modelos de cadeirinha não vendidos no Brasil, entre os quais a Proteste destaca o Britax Roemer Duo Pluss TT, com Isofix. De acordo com a entidade de defesa do consumidor, este modelo, voltado para crianças de 9 kg a 36 kg, teve resultado superior àquele da sua versão sem o sistema Isofix, o Britax Roemer Duo Pluss.

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A ausência do Isofix e o fato de as cadeirinhas vendidas no Brasil deixarem a desejar em alguns quesitos de segurança costumam pesar na avaliação concedida aos carros vendidos no Brasil e testados pela Latin NCAP, representante da Global NCAP na América Latina. As notas para a proteção das crianças em cadeirinhas no banco de trás costumam ser mais baixas que as notas dos adultos nesses crash tests, o que dificulta a obtenção dos melhores conceitos por esses modelos.

Cuidados na utilização da cadeirinha

Os testes da Proteste em parceria com a Global NCAP mostraram que as cadeirinhas automotivas vendidas no Brasil ainda têm espaço para melhorias, e que a certificação do Isofix trará grandes benefícios em termos de segurança. Ainda assim, os testes também mostram que é possível obter um bom nível de segurança para as crianças no carro, desde que a cadeirinha seja afixada corretamente ao veículo.

Ronald Vroman, da ADAC, lembra que “é melhor qualquer cadeirinha do que nenhuma”. Uma criança presa ao banco de trás por um cinto de segurança de adulto pode escorregar em caso de acidente, sofrendo ferimentos graves no pescoço e no abdômen.

É preciso, contudo, seguir as recomendações de fixação para que a criança não corra o risco de se soltar da cadeirinha, ou mesmo de o dispositivo se soltar do banco de trás. Em alguns casos, como mostram os crash tests, a cadeirinha pode até desmontar, se partindo em duas.

Obrigatórias no Brasil, as cadeirinhas são recomendadas para crianças de até 1,45m de altura e só podem ser usadas no banco de trás. Os “bebês conforto”, indicados para crianças de até 13 kg, devem ficar voltados para a traseira do veículo, posição mais segura para os bebês. Já as cadeirinhas para crianças maiores podem ficar voltadas para a frente.

Para Vroman, os pais devem adiar ao máximo a decisão de passar a usar a cadeirinha voltada para a frente do veículo. O recomendável é que a criança sente voltada para a traseira até pelo menos 18 meses de idade, diz o especialista.

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